terça-feira, junho 10, 2008

Sopa de Dúvida



Ela vive pendurada ao Postan, sofre de inversão térmica contagiosa, aderiu à anti-ginástica por indicação de uma amiga, à reflexologia por intuição, à estimulação russa e ao rivotril para o mundo virar jegue dócil e oferecer suas rédeas de espuma. Tem tendinite, bursite, fascite plantar, esporão de calcâneo e precisa de um tratamento por ondas de choque. Ele vai sucumbir de disciplina em cinco dias se não parar de achar que amanhã já é ontem.

Pausa




Dentro de instantes ofereceremos nosso serviço de bordo.

Pratos indicados para ambos:

Sopa de dúvida

Deixe a posta de dúvida descansando no pátio entre dois dias e quinze drinks. Descasque a aurora, corte o precipitado de tu é fera em cubos e misture os dois numa cumbuca repleta de louva-deuses bombas carregados de anedotas e frases de efeito nas antenas. Separe as antenas. Bata tudo no liquidificador de inversão térmica feminina e dê um tibum na praia mais próxima. Visualize as Cagarras se possível. Prenda o ar da praia na boca e volte correndo para casa. (Respire pelo nariz, peça pão de mímica). Sopre o ar nos dois lados da dúvida, decore com as antenas e pense se vale a pena servir e arriscar uma sistite.

Ela acha melhor frango, ele também.
- Será que eles tiram a cebola se eu pedir?
- Se não tirarem eu a tiro.

Ela não riu, ele sim, tanto que achou que era a chance de entretê-la e cativá-la (cativá-la, apesar do que quer dizer, tem um som que parece querer dizer outra coisa que não sei, talvez relacionado à uma etapa da feitura de um licor de batatas... se algum leitor tiver sugestões que se adaptem melhor ao campo semântico aéreo sente à vontade) contando anedotas das antenas dos louva-deuses:

O otorrino era um velho antipático e babão. Atendia ao telefone resmungando, abria a porta desabafando um “Pois não?” amargo. Comigo, era sempre assim. Porém, naquele dia, enquanto eu esperava para fazer uma lavagem de ouvido, ele estava carinhosamente atendendo um moça de voz meiga do Espírito Santo. A sala de espera, sem portas, só com as dobradiças enferrujadas à mostra, era ao lado da sala de consulta. Uma espécie de ouvidoria das queixas e hipocondrias latentes dos pacientes que ofereceriam ouvidos e gargantas às cataratas de baba do velhinho......
....................................................................................................... Aí a menina disse: Mas papai, se o dinheiro ficar na poupança tanto tempo ele vai apodrecer!” ... Filhinha, hoje é dia de sopa de dúvida?

A.M

2 comentários:

Mariana Kaufman disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Mariana Kaufman disse...

quantas respostas e certezas a tantas duvidas...
tudo isso muito infinito.
ca-ti-va-la, ca-ti-ve-mo-nos
cativados-se, cativando-lhes a si mesmo.

o ruído ensurdecedor do avião, esclarece todo o mistério da sopa de dúvidas, nada como um bom caos pra organizar tudinho aqui dentro.

leia lá, os ruídos se intermecem (?)

: ) genial. bj