quinta-feira, julho 17, 2008

O Cara de acaso




Cara de acaso avança cauteloso, quer bocejar mas esquece que é um ser desbocado. Abre suavemente os cílios de Aurora enquanto seu melro policromático desenrola uma cortina de gorjeio onírico para que ela continue a dormir e ele possa mergulhar no sonhado da pequena. Aurora se espreguiça, boceja uma brisa nos campos e as casas se abrem com cheiro de broa. Já pronta para tomar seu café atrás das montanhas, reconhece o canto do melro do Cara de acaso ecoando no sudeste, um riso. E pensou: Que massada! Esse Cara de acaso insiste em roubar meu caderno onírico! E assim sai Aurora pelo dia à caça do acaso. Desistiu, como sempre, lá pelas cinco e tanto. No dia em que o melro molrer, Aurora deixará de comer fora, ficará sonolenta como gosta atrás da linha das montanhas, lendo e gozando de bons delírios auditivos.

Signifrito Figueiroa

2 comentários:

Anônimo disse...

Bom!

Priscila

Anônimo disse...

você é ridícula.